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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Em tempos de seca, e esta, segundo os meios de comunicação, uma das piores ocorridas até hoje (mas ela é cíclica, ocorre praticamente de 26 em 26 anos e tempo pra políticas públicas estruturantes não faltou), segue texto para relembrar a importância de nossa caatinga.



CAATINGA, BRASIL!

Os discursos emblemáticos por fontes e meios diversos de comunicação em relação à proteção ao ecossistema Caatinga têm se consolidado em modelos convencionais que hora se tornam meros discursos nada novéis e quase sempre repetitivos no sentido de não ousarem, de não embrenharem, não estimularem ações proveitosamente práticas.
Parece pouco ter a Caatinga como um bioma único do Brasil em todo planeta? É inútil possuir uma das mais dinâmicas biodiversidades de toda terra? O que falta então para um maior afloramento de reconhecimento a esse bioma nada monótono? 
Para tanto é preciso conhecer a Caatinga! Conhecer sua vegetação, ter noção de sua árdua temperatura, seu clima seco, sua biodiversidade, seus rios caudalosos, refrescantes... Conhecer sua gente hospitaleira o qual, como já disse Euclides da Cunha, “antes de tudo é um forte!”! Admirar o desabrochar da beleza da flor de mandacaru em plena paisagem árida. É preciso contemplar essas e outras belezas incomparáveis. É esplêndido flagrar as dinâmicas estratégicas de inter-relacionamentos dos seres vivos com o meio abiótico, mas conhecer e tentar apreciar esse bioma tão-somente por fotos ou coisa do tipo é inútil! É preciso conhecê-la in loco!
Sua extensão de mais de 800 mil km² em 10 estados brasileiros, executa importante função ecológica de incalculável valor à região. E nessa geografia de clima típico, só ela tem o mérito para tal. É insubstituível sua função. Há muito tempo já se falava que a Caatinga não seria um bioma próprio, mas consequência da degradação de outros biomas e quiçá, uma ameaça ecológica! Ledo engano! Mesmo com baixas precipitações anuais e altas temperaturas, esse bioma é próprio, por resguardar ricas peculiaridades ecológicas e com grande endemismo. Um bioma de características somente encontradas aqui.
E quanto a sua função, só esse bioma “sabe” do que precisa só esse bioma tem suas especialidades necessárias de organizar seu mosaico vegetal em diferentes épocas do ano. O clima semiárido da Caatinga possui grandes oscilações durante todo o ano, mesmo assim sua biota se ajusta em perfeito equilíbrio!
A falta de conhecimento faz com que muitos tomem posições preconceituosas a respeito da Caatinga, como sendo escassa, inóspita, de vegetação feia, e de região pobre...
Estudos e pesquisas têm sido feitas, mas ainda é insuficiente o seu emprego para a interpretação e reconhecimento da importância desse bioma como valor econômico ao desenvolvimento humano de suas populações conviventes, por exemplo. E pasmem! Nem essas populações sabem ou pouco se beneficiam de tais estudos. E o conhecimento por parte da sociedade também é irrelevante, para não dizer inexistente, pois o papel de regulador climático que esse bioma exerce é crucial à manutenção da temperatura de sua área de abrangência. Há um equilíbrio climático-ambiental importante a sua constante manutenção, mas com ameaças constantes de intranquilidade.
E quem sabe disso? Que importância é dada a esse aspecto? De que forma isso está sendo levado em consideração, levado a público? Se é que é levado em consideração!
Não é exagero como as políticas públicas de cunho social e tecnológico de amparo às comunidades quanto à exploração econômica sustentável desse bioma, também são irrelevantes e descomprometidas.
Até parece que estamos falando de um bioma com extensão imensurável e inacessível! Se as políticas não chegam, não é por “culpa das estradas”.
Por deficiência de ações emergentes, verifica-se, por exemplo, o potencial energético da região em um modelo arcaico e insustentável, com a copiosa degradação. E comumente praticada, promove o esgotamento florestal, culminando, na consequente degradação generalizada dos recursos naturais, hídricos... além do desequilíbrio climático.
A não conciliação do desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, tem sido forte indício do empobrecimento ecossistêmico da Caatinga. A deterioração da composição vegetal é a primeira vítima, acompanhada em seu bojo pela fauna ameaçada e o assoreamento de rios e nascentes.
As políticas públicas para criação de unidades de conservação, os investimentos em tecnologias limpas e sociais para as comunidades; a recomposição florestal de nascentes e áreas outras degradadas, bem como investimento em pesquisas científicas, têm sido irrisórias, frente à gritante necessidade que esse bioma vem passando.
Dentre as demasiadas aberrações da falta de atenção séria e comprometida ao bioma, imagina-se que inúmeras espécies endêmicas foram e são perdidas nessa degradação que já sofrera, por exemplo. E não duvido que muitas ainda sem terem sido antes catalogadas, identificadas....
As comunidades desprovidas de amparo educacional e tecnológico têm se voltado a continuar suas praticas convencionais de se relacionar com o bioma, tirando dela seus sustentos, seja na prática agrícola, na pecuária extensiva, no extrativismo, na caça, no uso de carvão vegetal, como uso energético e fonte de renda... Os contínuos assoreamentos e o mau uso das águas vêm comprometendo a qualidade de seus recursos hídricos; comprometendo em cadeia a qualidade ecológica do próprio bioma, enfim.
É ineficiente as ações voltadas à sustentabilidade da Caatinga, comparada ao que se emprega aos outros biomas nacionais.
Do que resta, são poucas as preocupações em fazer algo no sentido preservacionista, principalmente. Ações essas que se resumem por poucos ambientalistas, a Ongs (principalmente internacionais), à precária legislação e às ineficientes políticas públicas!
No quesito manejo florestal e conservação da composição vegetal, a Caatinga é deixada à própria sorte, pois o pouco que se consegue, não reflete um terço da real necessidade do que a Caatinga precisa para sua sobrevivência real. Suas riquezas naturais e seu valor ambiental são reconhecidos e amparados por pouquíssimos abnegados admiradores. Oficialmente a Caatinga é a menos amparada, frente aos outros biomas, repito.
Por tamanha negligência, o bioma ainda é refém de diversas políticas compensatórias. E quando criam alguns míseros metros quadrados de abandonadas unidades de conservação, acham que já a salvaram!
Concluo que o bioma precisa ser conservado e protegido mesmo! Não são ilhotas, restritos mosaicos que interessa... É a preservação real, total e irrestrita!
Sua biodiversidade merece mais respeito, pelo menos isso!!

Dráuzio Correia Gama
Estudante de Eng. Florestal
Universidade Federal de Sergipe-UFS
drauziogama@hotmail.com
 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012



Floresta Estacional Sempre-Verde é reconhecida como novo tipo de vegetação brasileira

A partir de agora, um novo tipo de vegetação passará a constar oficialmente em mapeamentos florestais do país. A Floresta Estacional Sempre-Verde, que existe apenas no estado de Mato Grosso, já havia sido identificada há alguns anos, mas só agora passou a constar oficialmente no Sistema de Classificação da Vegetação Brasileira. A descrição do novo tipo de vegetação aparece na segunda edição do Manual Técnico da Vegetação Brasileira, lançada na terça-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O livro, elaborado por engenheiros florestais, agrônomos, biólogos, geógrafos e geólogos, traz metodologias para a realização de estudos, mapeamentos e pesquisas da vegetação no país. Também chamada de Floresta Estacional Perenifólia, a vegetação se caracteriza pela manutenção de uma coloração muito verde, mesmo em períodos de estiagens.
A floresta se estende por toda a região da Bacia Sedimentar dos Parecis e parte das depressões do Guaporé, Paraguai, Araguaia e Planalto do Tapirapuã. Segundo o IBGE, a vegetação ocorre em áreas de clima tropical que tem duas estações bem distintas: uma chuvosa e uma seca (que varia entre quatro e seis meses).
Três subtipos da vegetação foram identificados: as variações aluvial, de terras baixas e de submontanha. Na floresta aluvial, que pode ser encontrada nas calhas dos rios Culuene, Teles Pires, Verde, Arinos, Sangue, Juruena, Juína, Jauru e Guaporé, as árvores têm, em média 25 metros de altura.
A floresta das terras baixas pode ser encontrada nos terrenos sedimentares das depressões dos rios Paraguai, Guaporé e Araguaia, em altitudes em torno de 200 metros. Nesse subtipo de floresta, as árvores têm, em média, de 35 a 40 metros de altura.
Já a floresta de submontanha, que tem árvores medindo acima de 30 metros, ocorre nos terrenos sedimentares do Planalto dos Parecis, especialmente na região do Alto Xingu, em altitudes que variam de 300 a 450 metros.
A Floresta Estacional Sempre-Verde se junta a outros tipos de vegetação que ocorrem no Brasil, como as florestas ombrófilas (típicas da Amazônia e da Mata Atlântica), as savanas e a Caatinga. (Fonte: Vitor Abdala/ Agência Brasil)
Fonte Secundária: http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2012/12/19/89928-floresta-estacional-sempre-verde-e-reconhecida-como-novo-tipo-de-vegetacao-brasileira.html

domingo, 9 de dezembro de 2012


QUANTO MAIS SE GRITA, MENOS SE OUVE.
 
Atualmente a conservação e a preservação ambiental, tem sido os assuntos mais difundidos nos variados setores e segmentos da sociedade. Mesmo assim o desmatamento ilegal, a poluição, a contaminação, os lixões e a matança de animais silvestres tem sido constante. E mesmo que alguns tentem abafar a gravidade do caso, mostrando alguns números de redução da degradação disso ou daquilo, a destruição da natureza é extremamente gritante! E o que mais me impressiona é ver que mesmo com todas essas informações e todo esse estado de alerta, as pessoas não se sentem ameaçadas. Ou seja, não há um estado de pânico, temor, preocupação, mobilização da sociedade, das pessoas... vivendo quase como na filosofia da vaca, “cagando e andando”, pro problema!
Adotar algumas medidas para conter os níveis de emissão dos gases provocadores do aumento do efeito estufa, por exemplo, é uma alternativa já comprovada por muitos pesquisadores e cientistas da área, para tentar diminuir/reduzir o aquecimento global e suas terríveis consequências. E isso tem sido uma das maiores preocupações alertadas em todos os meios de comunicação, mas mesmo assim não há uma preocupação prática por parte da sociedade, dos governos, dos investidores, das indústrias... Existem alguns passos (justiça seja feita), mas ainda tímidos diante da gravidade. E outro comportamento muito comum e um tanto quanto hilária de algumas pessoas é achar que colocando o seu carro debaixo de uma árvore, em busca de alguma sombra (isso quando encontram alguma árvore!), estão salvas do calor! Um detalhe: só se dão conta do valor de uma árvore em época de calor, no verão principalmente, quando se deparam com a falta delas para salvaguardar os seus carros. Pasmem!
A partir de 1970, com a percepção da gravidade ambiental, uns fulanos já preocupados,  mobilizaram alguns eventos em busca de mudanças de uma nova e responsável convivência do mundo com o meio. Pelo menos foi essa a intenção, quando se fez surgir o termo sustentabilidade como algo “estratégico” de explorar os recursos naturais a satisfazer as necessidades das gerações presentes sem esgotar os mesmos recursos tornando possível também satisfazer as gerações futuras. Bem como do destino correto dos resíduos, seja doméstico, hospitalar ou industrial. Ou seja, tornar um mundo possível de melhor ser habitado. Pois bem, a ideia foi lançada, mas na prática está tudo invertido. O grande problema é que nessa corrida capitalista ninguém quer largar seu “osso”, mesmo ouvindo falar de todos os blás, blás, blás da vida!
E outra coisa muito comum, e que virou até moda, é falar de sustentabilidade. E do tal desenvolvimento sustentável. Muitos falam, mas quantos praticam ou entendem o que vem a ser essa palavra tão degustada atualmente? Além de quais são os prós e os contras. Diga-se de passagem, é palavra-chave do vocabulário de toda e qualquer política pública ou tomada de decisão das iniciativas privada com relação à exploração dos recursos naturais, mas no fundo, na grande maioria a palavra é usada só como pano de fundo mesmo das reais intenções.
Portanto se a pessoa continua a jogar papel de bala na praça pública e a multinacional jogando óleo nos oceanos, poucos estão preocupados em medir as consequências. E no geral quase sempre querem "jogar tudo debaixo do tapete".
A minha certeza é de que o mundo já dispõe de informações suficientes a comprovar de que a sustentabilidade dos recursos naturais, o contínuo equilíbrio dos fatores ambientais, um ambiente limpo e protegido é fator preponderante para a manutenção da biodiversidade do planeta e condições estas favoráveis à vida da espécie humana. Mas também sei que infelizmente não adianta ficar aos berros gritando aos quatro cantos do mundo... poucos terão ouvidos para ouvir. Mesmo assim, continuo vivendo a vã filosofia do beija-flor tentando apagar o incêndio. Sei que não vou consegui, mas estarei no mínimo com a consciência menos pesada diante as gerações futuras.
Mas é que até a minha pobre ignorância consegue ficar perplexa ao compreender como algumas sociedades (de todas as esferas) se engalfinham, brigando por interesses mesquinhos em detrimento de relevantes assuntos que dizem respeito diretamente à própria existência humana, como a preservação da biodiversidade, por exemplo. E mesmo com todo meu otimismo, percebo que essa seja uma pauta ainda muito timidamente simpatizada aos assuntos mais “sérios” que nossa sociedade “moderna”(?) tem a ocupar seus preciosos tempos.

Dráuzio Correia Gama
Estudante de Eng. Florestal
Universidade Federal de Sergipe-UFS
drauziogama@hotmail.com